Uma hérnia...ai memórias antropofálicas!...
Setting:
Tenho um Hydra-membro de família próximo que foi justamente operado a 2 hérnias inguinais, on the same go...isto faz-me cruzar as pernas de espécie!....Se a tal facto lhe adicionarmos uma epidural para anestesia...ainda mais confusão isto me faz e adenso às pernas tamanha força capaz de mirrar os tintins...e à memória vem-me a minha própria longínqua experiência...
Analepse (o ecran fica nublado e o som de violinos cruza a audição):
Corria o ano de 1989...tinha eu 13 anos...Hydra-petit de fraca figura....já a crista se me tinha encrespado ao tamanho máximo...e o poder de arguição e capacidade arguta já engalanavam a minha língua tempestiva....Ah Sofista!!!!!
Pois muito bem, naquela tarde de ocaso que se prolongou noite fora num consultório médico...2 factos perpetuaram na minha memória para sempre...a notícia atroz de que transportava comigo uma hérnia e a preocupação concomitante de estar a perder o 1ro episódio de Twin Peaks...
Convivi com a dita durante algum tempo...diverti as massas colegiais mostrando a protuberância inguinal....e as pitas paravam o jogo do elástico somente para me ver empurrar dentro a excrescência saliente que fáceis tossir e espirrar traziam de volta cá fora...
A operação foi agendada, naturalmente!...O Hydra-moço foi levado a Santa Maria contrafeito...e os preparativos sem demora se efectuaram...
Obviamente que, sendo a intervenção cirúrgica na zona anexa à virilha...havia que desprover as zonas próprias e contíguas dos tufos púbicos característicos da idade...
Fui levado para uma sala triste e cinzenta cinzelada à Estado Novo por todo o lado e sentado numa cadeira baixa...envergava uma bata de hospital sem qualquer griffe ou etiqueta que mal apertava atrás, tendo previamente desnudado os meus firmes glúteos no corredor...
Uma enfermeira inclinou-se sobre mim..... pediu-me licença e afastou a bata....
Fiquei despido na frente da alva senhora....E tranquei-a no meu olhar esgazeado e de pose aberta de servitude...
Com uma máquina de barbear em riste, a enfermeira crispou os lábios em tom de permissão ao acto de barbearia e avançou no meu planalto genital...segurando e afastando o Hydra-falo da trajectória da lâmina, com um lenço de papel...
Vergonha de uma vida:
A trepidação do aparelho eléctrico nas minhas zonas recônditas, mais o manusear da Hydra-pilita pela franca senhora, mais o medo, ansiedade e atrapalhação associadas ao facto de ter uma mulher soçobrada sobre o meu baixo ventre....desencadearam em mim o ressurgimento do adormecido...
E nem flashbacks de Auschwitz, Dachau, Etiópia ou Hiroshima, trouxeram o guerreiro abaixo...
Qual Junot, Soult ou Massena Portugal afora, a minha masculinidade irrompeu impetuosa e descarada na direcção da enfermeira...
Esta, pára a barbearia...e muito composta estende-me o lenço de papel que segurava e diz:
- Se calhar é melhor ser você agora a agarrar isso...
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Agarrei-me e desviei-me do caminho do cortador....a minha penugem, caída e prostrada agora no chão, juntamente com a minha dignidade...tinham maculado para sempre o meu espírito...
PS-Maldita pila que tens vida própria...